Mudanças na norma que regulamenta a praticagem naval reacendem expectativas sobre novo processo seletivo; última seleção ocorreu em 2012 e oferece carreira com altíssima remuneração
A Marinha do Brasil deu início à revisão das normas que regem o processo seletivo para ingresso na carreira de prático, profissional responsável pela condução segura de navios em áreas complexas da costa brasileira.
A atualização da NORMAM-311/DPC, divulgada recentemente pela Diretoria de Portos e Costas (DPC), reacendeu especulações sobre a abertura de um novo processo seletivo, o primeiro desde 2012. Assista a seguir um prático subindo no navio.

Carreira altamente lucrativa com exigência técnica rigorosa
A profissão de prático é considerada uma das mais bem remuneradas do país, com possibilidade de ganhos mensais que ultrapassam R$ 300 mil, conforme registros públicos e estimativas do setor. No entanto, trata-se de uma função de altíssima responsabilidade técnica.

O acesso à carreira se dá por um processo seletivo com múltiplas etapas, que inclui prova escrita, avaliação física, apresentação de títulos, e teste prático-oral em simuladores navais.
Segundo a norma atualizada, para participar da seleção é necessário ser brasileiro, ter curso superior reconhecido pelo MEC, e possuir habilitação marítima, como a categoria de mestre-amador ou superior. O edital, que pode ser publicado futuramente no Diário Oficial da União, definirá o número de vagas por Zona de Praticagem (ZP) e os critérios detalhados de avaliação.
Concurso segue modelo técnico e não equivale a cargo público
O processo seletivo não configura concurso público tradicional, pois os práticos não ocupam cargos ou empregos públicos. São profissionais autônomos, associados a empresas de praticagem que prestam serviço regulado pelo Estado. As etapas da seleção incluem ainda inspeção psicofísica conduzida por junta da Marinha e testes como natação, flutuação e força física.
Além disso, o domínio da língua inglesa é obrigatório, sendo exigido tanto na prova escrita quanto na avaliação oral. O treinamento posterior à seleção tem duração mínima de 12 meses, com execução de manobras reais supervisionadas por práticos experientes até a certificação final.
Expectativas crescem com atualização da bibliografia para prático de navio

Embora a Marinha tenha afirmado que a revisão da NORMAM-311/DPC “não indica que um PSCPP está sendo programado”, especialistas do setor marítimo apontam que a medida costuma anteceder a abertura de novos certames. A última seleção, realizada há mais de uma década, foi marcada por altíssima concorrência.
Com a atualização dos conteúdos programáticos e da bibliografia exigida nas provas, candidatos em potencial devem iniciar imediatamente os estudos. Os assuntos abordam manobrabilidade de navios, navegação em águas restritas, legislação marítima, oceanografia, meteorologia e comunicações navais.
Salários de prático de navio refletem alta especialização e risco da função
A remuneração dos práticos é variável, mas há registros de rendimentos acima de R$ 300 mil mensais em grandes portos. O valor é obtido a partir da divisão dos lucros das empresas de praticagem, após dedução de custos operacionais e tributos. A atividade exige atenção constante, pois erros de navegação podem gerar acidentes com grandes prejuízos ambientais e econômicos.
Diferentemente dos comandantes de embarcações, os práticos são especialistas em manobras em águas interiores e portos. No passadiço do navio, assumem o controle operacional ao lado da tripulação do comandante, coordenando rebocadores, ordens de máquina e comunicações com a autoridade portuária.
Informações oficiais e nota complementar
As diretrizes do processo seletivo constam na “Norma da Autoridade Marítima para o Serviço de Praticagem (NORMAM-311/DPC)” e foram complementadas por comunicado recente da Diretoria de Portos e Costas. A revisão atualiza não apenas o conteúdo das provas, mas também critérios de avaliação médica, física e psicotécnica.
A mesma norma ainda determina que os custos do processo, deslocamento, exames e estadia, são de responsabilidade exclusiva dos candidatos, inclusive durante o período de qualificação. A seleção para prático exige dedicação integral e preparo físico, técnico e emocional.
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