Batizados de E-ubá, barcos elétricos eliminam o uso de combustíveis fósseis e garantem deslocamento sem emissão de gases poluentes ou óleo nos rios — Foto: Divulgação/Solalix

Barcos elétricos prometem transporte limpo e barato para ribeirinhos da Amazônia.

Por Nilson Cortinhas— Belém

Iniciativa promete reduzir em até 75% os gastos com transporte ribeirinho, sem emissão de poluentes nos rios.

Em meio à expectativa pela COP30, que transformará Belém no centro das negociações climáticas globais em novembro deste ano, uma iniciativa amazônica busca chamar atenção para um desafio cotidiano da região: o transporte fluvial ribeirinho. A empresa Solalix apresentará na conferência seu projeto de barcos elétricos, pensados para substituir os motores a diesel que ainda dominam a mobilidade nos rios.

A proposta é simples, mas com grande potencial: kits de conversão para rabetas, com motores elétricos silenciosos e baterias de lítio modulares, alimentadas por estações solares flutuantes. O sistema, batizado de E-ubá, elimina o uso de combustíveis fósseis nestas embarcações e garante deslocamento sem emissão de gases de efeito estufa ou óleo nos rios.

Para comunidades que vivem da pesca, da agricultura e do extrativismo, o impacto é sentido também direto no bolso. Hoje, famílias chegam a gastar até 40% da renda mensal apenas com diesel, em uma prática comum também entre ribeirinhos de Belém que utilizam os rios como via de transporte diário. Com os barcos elétricos, a Solalix estima redução de até 75% nos custos de deslocamento, liberando recursos para saúde, educação e alimentação, por exemplo.

O deslocamento na Amazônia é, frequentemente, feito com rabetas — Foto: Divulgação/Solalix
O deslocamento na Amazônia é, frequentemente, feito com rabetas — Foto: Divulgação/Solalix

Além da economia, a tecnologia traz mais qualidade de vida: navegação silenciosa, mais segura e livre de poluição. Isso significa menos acidentes, maior convivência harmoniosa com a fauna local e um ambiente mais saudável para crianças e idosos que dependem do transporte fluvial.

De acordo com os engenheiros da Solalix, a meta é levar a solução para cerca de 6.500 comunidades amazônicas, em um modelo de desenvolvimento aberto, replicável e de impacto social.

“Garantir transporte limpo e acessível é empoderar os guardiões da floresta, permitindo que tenham dignidade, conectividade e melhores condições para proteger ecossistemas que equilibram o clima do planeta”, explica Rinaldo Rosa, diretor de operações da empresa.

Projeto será apresentado na COP30 — Foto: Divulgação/Solalix
Projeto será apresentado na COP30 — Foto: Divulgação/Solalix

O fundador e CEO da Solalix, Zbigniew Kozak explica que a ideia é que a iniciativa contribua para que os povos amazônidas tenham protagonismo no processo. “As redes de pontos de recarga fluviais serão construídas progressivamente, conectando estrategicamente rios, igarapés e lagos. Essa infraestrutura não só viabiliza transporte comunitário e escolar, mas também o escoamento da produção extrativista, o turismo de base comunitária, iniciativas de bioeconomia, acesso à saúde e outros serviços públicos”, considera.

Na COP30, a Solalix levará um de seus barcos elétricos para mostrar ao mundo que a transição energética também precisa chegar a quem vive nos territórios que mais cuidam da floresta. A empresa busca parcerias para escalar rapidamente a solução e conectá-la com comunidades que dependem dos rios para trabalhar, estudar e viver.

Por Portal da Navegação, via Globo.com.