Marajoaras ameaçam fechar Porto Camará para impedir retorno da Banav

Da parte do Estado há expectativa de que a Rotam seja enviada de Belém para impedir a ocupação do porto e recolocar a Banav na rota marajoara

Marco Stamm

Moradores de Salvaterra, Cachoeira do Arari e de Soure, que integram o Movimento da Foz do Rio Camará, estão mobilizados e prometem fechar o Porto Camará novamente caso a empresa Banav, insista em voltar para a rota e fazer viagens para transportar passageiros até Soure durante o Círio de Nazaré nesta semana.

A Banav está fora da rota Camará-Belem desde que foi suspensa pela Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Pará (Arcon) logo após o naufrágio da lancha Dona Lourdes 2, que terminou com a morte de 23 pessoas. O problema, relatam os moradores, é que a empresa ainda mantém a concessão e tenta “forçar a barra para voltar”, inclusive buscando apoio político na cidade.

A Banav chegou anunciar uma viagem para Soure com saída para ontem (10), mas os manifestantes se mobilizaram, ameaçaram impedir a saída da embarcação e orientaram os moradores a não comprarem passagens (veja nota na íntegra abaixo). A viagem foi cancelada, mas, segundo informações dos moradores, a empresa planeja pedir apoio policial para efetuar a viagem hoje. (11).

“Se isso acontecer, a população vai ocupar o porto. Estamos pedindo para que as pessoas não comprem passagem com esta empresa, porque quem embarcar não vai conseguir desembarcar no Camará. Não vamos deixar”, afirmou um dos manifestantes, que prefere não se identificar.

Além da Banav, a empresa Arapari Navegação também foi suspensa depois que os manifestantes ocuparam o Porto da Foz do Rio Camará em setembro. No lugar delas, o Estado colocou lanchas das empresas Salmista e Transmarajó, que têm licença provisória para trabalhar. Como a concessão das duas empresas afastadas não foi cassada, Arapari e Banav tentam voltar ao Marajó.

Os manifestantes renegam tanto Arapari quanto Banav. Além dos problemas recorrentes com as embarcações das duas empresas, eles atribuem parte da culpa do naufrágio da Dona Lourdes 2 à Banav.

“No dia do naufrágio da Dona Lourdes 2, a empresa Banav não tinha colocado o navio. Por isso, a lancha CatBan lotou e ficou muita gente no porto. Cerca de 30 pessoas ficaram no porto, inclusive algumas dessas pessoas teriam usado a passagem da Banav para embarcar na Dona Lourdes 2. A gente entende que a empresa Banav tem parte na culpa pelo naufrágio que aconteceu, fora os problemas que já vinha apresentando antes. Esta empresa não está apta e não concordamos que ela volte operar na nossa região”, afirmou o manifestante.

No final de outubro, após demora do Estado, integrantes do Movimento se reuniram com a Arcon em Belém. A Agência se comprometeu com a cassação da concessão da Arapari e Banav, mas ainda não cumpriu a promessa.

Pior que isso, os manifestantes entendem que a Arcon está tentando beneficiar as duas empresas suspensas e citam o fato de a empresa Salmista não receber autorização para fazer viagens extras para o Círio, o que teria gerado demanda para a Banav tentar voltar.

Da parte do Estado, conforme o Notícia Marajó informou, há expectativa de que a Rotam seja enviada de Belém para impedir a ocupação do porto e recolocar a Banav na rota.

Os manifestantes emitiram nota ameaçando fechar o porto novamente. Leia abaixo:

“Em virtude da falta de compromisso e respeito do Governo do Estado do Pará, através da Arcon e Setran, quanto a situação do transporte para a Foz do Rio Camará, impedindo que a empresa Salmista faça viagens extras para atender a demanda de passageiros para o final de semana do Círio de Soure, e ainda tentar retirar a lancha Salmista do seu atual horário, para beneficiar a volta da empresa Banav, que estaria anunciando viagem já nesta quinta feira.

Comunicamos a todos que não permitiremos que a empresa Banav atraque no porto da Foz do Rio Camará, de onde ela já foi expulsa, tendo sido uma das responsáveis por parte das mortes no naufrágio da lancha Dona Lourdes 2, devido a lotação que obrigou demais passageiros, inclusive com passagem da empresa Banav, embarcarem na lancha Dona Lourdes 2.

Assim, pedimos a população em geral que não comprem passagem para a empresa Banav, e não embarquem nesta viagem, pois não irão desembarcar na Foz do Rio. Vamos ocupar o porto novamente.

Resistiremos até o fim, e não vamos deixar que zombem da nossa dor, com a irresponsabilidade e arrogância que foi peculiar durante todo período que as empresas Arapari e Banav estiveram na linha.

A falta de sensibilidade e responsabilidade social, foram predominantes na história desta empresa Banav com nossa população, em especial com os moradores da comunidade da Foz do Rio Camará, carregadores e vendedores do Porto. Pois sempre humilhou e perseguiu aqueles trabalhadores.

FORA BANAV

FORA ARAPARI

VIDAS MARAJOARAS IMPORTAM”

Por Portal da Navegação, via NMnotíciamarajó.