Como navegar pelos rios de forma segura pelo Pará? Capitão dos Portos dá dicas

O importante, segundo Ewerton Rodrigues, é que a tripulação e embarcação estejam habilitadas pela Marinha do Brasil a fazer a navegação

O Capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Ewerton Rodrigues Calfa, conversou com a redação integrada de O Liberal, na tarde de segunda-feira (10), no Comando do 4º Distrito Naval, no bairro da Cidade Velha, com orientações de navegação em águas do Pará. Esse assunto tomou conta das redes sociais após o episódio do naufrágio da embarcação de pequeno porte no Rio Guamá, em Belém, na noite de domingo (9), após uma festa particular no Combu para comemorar o “mesversário” de um bebê de seis meses. Calfa aproveitou para reforçar a importância do emprego e utilização dos coletes salva-vidas que devem ter, pelo menos, para cada pessoa a bordo.
Segundo o capitão, este equipamento de salvatagem precisa estar “em um bom estado de conservação”. “Se você está numa embarcação de transporte de passageiros, a tripulação deve fazer uma demonstração de como vestir e utilizar corretamente o colete salva-vidas. Nada muito diferente do que a gente consegue acompanhar, por exemplo, dentro dos aviões”, disse ele.

Limite de ocupação

Com relação a superlotação da embarcação, Ewerton pontua que “cada embarcação precisa ter uma placa em local visível” para informar a capacidade máxima. Um fator que, segundo ele, pode levar ao naufrágio. “Cada embarcação tem uma capacidade própria, que deve ser respeitada em todas as situações. Toda vez que eu coloco mais pessoas do que a embarcação comporta, eu estou aceitando o risco e colocando em risco a vida de todos os tripulantes”, comentou.
Se o passageiro identificar indícios de que a embarcação tenha ultrapassado o limite de ocupação permitida, o capitão informa que é necessário procurar um tripulante para comunicar o problema. Mas, para isso, é necessário que a tripulação esteja habilitada, o que pode ser feito junto a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) e necessita de renovação a cada cinco anos.

Habilitação da tripulação

“Nós oferecemos diversos cursos. Existem escolas náuticas, onde ele (tripulante) consegue tirar uma carteira de amador, mas se quiser trabalhar como fluviário ou aquaviário, procure a Capitania dos Portos ou o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA, localizado no bairro da Pratinha). Além disso, durante alguns cursos, a gente oferece dicas de segurança e de qualificação”, contou. “Para registrar e regularizar a sua embarcação, basta ele procurar a Capitania dos Portos, fazer o agendamento, dar entrada no seu serviço e inscrever a sua embarcação”, acrescentou.
Para fiscalizar embarcações e realizar ações preventivas para evitar acidentes como o naufrágio ocorrido no último domingo (9), na capital, a Marinha do Brasil (MB) trabalhar todos os 365 dias do ano com diversos tipos de ações para salvar e guardar as vidas no mar, garantir a segurança do tráfego aquaviário e prevenir a poluição hídrica, como lembra o capitão.
“A Marinha faz a fiscalização 24 horas por dia. Em alguns momentos, que a gente considera que há um aumento nesse tráfego, como é em julho, mês do nosso verão amazônico e das férias escolares, então, sabidamente, o fluxo de embarcações aumenta, não só de transporte de passageiros, mas também de embarcações de esporte e recreio (lanchas, jet-ski, motoaquática). Tão importante quanto a fiscalização, é a conscientização. A Marinha também trabalha com palestras, instalações de cobertura de eixo, que servem para combater acidentes de escalpelamento, (…) evitando acidentes e assegurando a missão dela que é salvar e guardar as vidas no mar, garantir a segurança do tráfego aquaviário e prevenir a poluição hídrica”, explicou.

Cada horário uma necessidade

Sobre horário de viagens ou travessia, Calfa esclarece que não há um horário específico que impeça o deslocamento. O importante é seguir as recomendações de segurança estabelecidas pela MB. “A embarcação que for navegar à noite, ela tem que estar iluminada e com a sinalização para fazer aquele tipo de navegação. Espera-se que à noite seja uma situação mais difícil, que o condutor seja habilitado. Porque aí ele já tem conhecimento não só da região, mas alguns procedimentos em casos de algum problema de navegação. (…) O que faz a diferença na hora de preservar, diminuir os riscos e salvar uma vida.
Para a chuva, é necessário tomar cuidado, por conta da possibilidade do mau tempo ocasionar acidentes aquáticos. “A recomendação é de sempre que você perceber um mau tempo, se puder, postergue a sua navegação, espere a tempestade passar. E, aí sim, navegue em segurança”, concluiu.

Por Portal da Navegação, via O Liberal.