Batalha Naval do Riachuelo ocorrida em 11 de junho de 1865.

Marinha comemora Data Magna nesta sexta

A Marinha do Brasil vai comemorar, amanhã, 11, a Data Magna. A data é alusiva ao 156º aniversário da Força Naval. Dia também de homenagear os cerca de 79 mil mulheres e homens que atuam em mais de 200 organizações militares espalhadas por todo o Brasil.
Atualmente, a Marinha, além de presente na vida de milhões de brasileiros, protegendo o imenso patrimônio nacional mar a fora e rio adentro, investe em pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico.
O dia 11 de junho foi escolhido por causa da Batalha Naval do Riachuelo, evento decisivo e vitorioso, ocorrida em 11 de junho de 1865, marcado pela bravura de aguerridos marinheiros e fuzileiros navais, que, incentivados pelos célebres sinais de Almirante Barroso: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”; e “Sustentar o Fogo, que a vitória é nossa”, superaram adversidades de toda ordem, muitos deixando suas vidas em combate.
A ocasião ainda reservará a entrega de honrarias às personalidades que contribuíram com as atividades marítimas nos últimos anos. O colunista confirma presença neste evento tão importante para a minha, sua, nossa Marinha.

RECORDARÉVIVER – Navios cruzando os Estreitos de Breves

Sem câmera digital, Prático Lairton no passadiço, na asa de bombordo, no momento em que navios se cruzam no Estreio de Breves.

Até os anos 70, quase 80% da navegação de longo curso e cabotagem da Bacia Amazônica passava pela região conhecida como “Estreito de Breves” – um conjunto de pequenos rios e ilhas, localizado na confluência das águas do rio Amazonas com o rio Pará, no arquipélago do Marajó. A grande maioria das embarcações entrava para Belém pelo canal do Espadarte. Na capital, embarcavam os Práticos da Bacia Amazônica que cruzavam o Estreito de Breves rumo ao rio Amazonas
Isso acontecia por dois motivos: a Barra Norte, por conta da mudança constante do Canal do Curuá, não tinha uma topografia precisa. Além disto, os navios, na época, eram de médio porte, com cerca de 160 metros de comprimento, e capacidade para transportar até 20 mil toneladas.
Na foto, o Prático da Bacia Amazônica, Lairton Pinto Rebello, a bordo de uma navio mercante de carga cruzando com o navio de passageiros “Rosa da Fonseca”, da Empresa Lloyd Brasileiro, nos anos 1960. Sim! O Brasil já teve uma frota de navios de turismo que andavam pela costa brasileira transportando turistas. Eram navios de alto padrão…
Alem do Rosa da Fonseca, outros três navios completavam a frota: Ana Nery, Princesa Isabel e Princesa Leopoldina. Todos tinham que passar obrigatoriamente pelo Estreito de Breves para chegar ao rio Amazonas.

O navio que viajava entre a Amazônia e a Europa

Construído em 1958, o navio Santo Amaro viajada da Amazônia para a Europa.

Construído em um estaleiro na Polônia, em 1958, o navio Santo Amaro navegou por 45 anos pela região amazônica. Inicialmente, incorporado à frota da Empresa de Navegação L. Figueiredo, que fazia linha para Manaus/AM. Mas, em 1975, passou a pertencer à Frota Amazônica S/A (Frotama), empresa de Longo Curso com sede em Belém. Por aqui, fez a glamourosa linha do Amazonas para a Europa.
Nesta época, os navios da Frotama faziam duas paradas no Porto de Belém. Quando chegavam do exterior, as embarcações eram descarregadas e seguiam para a capital amazonense via Estreitos de Breves, no Marajó, operando ainda em portos intermediários, como Santarém, Óbidos, Munguba (Rio Jari) e Santana, no Amapá. Na volta, passavam novamente por Belém. No caso do Santo Amaro, partia para a Europa fazendo os principais portos do continente Europeu .
A tripulação era formada praticamente por marítimos paraenses. Aliás, era o sonho de todo marítimo residente em Belém tirar serviço no Santo Amaro. No restaurante, eram servidos deliciosos pratos típicos da região, como pato no tucupi, maniçoba, tacacá e tapioquinha sempre aos domingos.
Enquanto esteve em operação, foi comandado por Ari, Elidimar e Arlindo Nazaré. O último que esteve na sala de comando foi Abílio Silva, que realizou a viagem no Amazonas, em 1985, e este humilde colunista teve o prazer de ser o Prático. Depois, foi vendido à Brasilmar Navegação, passou a se chamar “Trevomar Leste” e não voltou mais ao Amazonas. Em 2003, foi vendido como sucata em Porto Alegre/RS. Daria um belo museu da navegação, cheio de histórias pra contar aos visitantes…

Mares & Rios

O navio “Forte de São José” está fundeado em Macapá/AP. Infelizmente, 14 dos 21 tripulantes estão com Covid-19. Três precisaram ser internados em hospitais da capital amapaense. O navio está em transito vindo de São Luís/MA com destino ao terminal de bauxita em Juruti/AM. A situação faz valer ainda mais o pedidos dos Sindicatos dos Marítimos e dos Práticos para que as categorias sejam incluídas na lista de vacinação urgentemente.

No ultimo dia 5, a Marinha do Brasil ajudou na limpeza de rios de Belém e Santarém. As ações foram realizadas pela Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) e Capitania Fluvial de Santarém (CFS). Excelente iniciativa para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Ainda no clima de #recordaréviver, o Prático Marcelo Salgado, o “Príncipe dos Práticos”, foi habilitado como Prático da ZP 3 em 1983, quando tinha 19 anos de idade. Na época, o mais jovem Prático em atividade no Brasil e no Mundo. A marca, até hoje, não foi superada por nenhum outro profissional.

O Pier da Estação das Docas é um lugar cheio de histórias. Antigamente, funcionava o antigo galpão “Mosqueiro e Soure”. Como o nome sugere, era o ponto de partida de navios destinados à “Bucólica” e à “Capital do Marajó”, a exemplo do navio “Presidente Vargas”. De lá também partiam navios da Frota Branca da Enasa. Lembro, saudoso, da primeira sorveteria de Belém. Comprava-se lá o sorvete “Chamego”, do “Comandante”. Hoje, saem os animados barcos de uma empresa de turismo.

Breves, a maior cidade do arquipélago Marajó, viveu tempos de grande crescimento econômico durante ciclo da madeira. Construído em 1925, o prédio da Breves Industrial S.A. é símbolo do período que a cidade ficou conhecida como “Celeiro Mundial da Madeira”. A região contava com quatro portos homologados pelas autoridades alfandegárias: Robco, Madenorte, Magebras e Mainarde. Era frequente navios de médio porte, com calado superior a 9 metros, aportarem por lá. Especula-se que mil pessoas trabalhavam direta e indiretamente nos portos.

Pra finalizar, recebi uma ligação de Hamilton Pegado, que teve a honra de ser comandante de todos os navios lendários da Frota Branca da ENASA. Pegado informou que tem um valioso acervo que vai enriquecer esta coluna. (LOP)