Com a chegada dessas tecnologias, a comunidade de Limão do Curuá, no Amapá, chega a produzir duas toneladas por ano
Tecnologias de apoio à produção artesanal e boas práticas no processo produtivo estão permitindo à comunidade ribeirinha Limão do Curuá, no Arquipélago de Bailique (Amapá), comercializar o óleo de pracaxi como bioinsumo para a indústria farmacêutica e de cosméticos. Com propriedades medicinais, anti-inflamatórias, cicatrizantes e antiofídicas, o óleo é produzido a partir da extração das sementes da árvore pracaxizeiro.
O incentivo à produção é feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amapá. Em comunicado, a Embrapa destaca que extração de óleos vegetais na Amazônia é uma prática comum que envolve o conhecimento das populações locais sobre o ambiente onde vivem, passado de geração a geração. E que o óleo de pracaxi é um desses exemplos.
De acordo com a Embrapa, as boas práticas vêm sendo adotadas das extração das sementes até o processamento do óleo. Entre as ações, foi levada para a comunidade uma máquina para substituir a prensa artesanal. A iniciativa ajuda a reduzir o tempo de produção e a aumentar a qualidade, tornando o óleo de pracaxi viável para comercialização.
“Se antes a extração de um litro de óleo de pracaxi demorava de três a quatro dias, hoje leva apenas 30 minutos”, diz a extratora Claudiane Barbos, no comunicado da empresa
Foi feita também uma parceria com o Nucleo de Recursos Florestais da Embrapa Amapá para oferecer aos produtores de Limão do Curuá cursos de capacitação. A pesquisadora do núcleo, Ana Cláudia Guedes, diz que com a chegada dessas tecnologias, essa região do Amapá chega a produzir duas toneladas de óleo por ano.
As mulheres ribeirinhas de comunidades da Amazônia são as principais produtoras do óleo com receitas artesanais. Elas já vem aperfeiçoando os métodos de extração há anos. A tradição junto dos conhecimentos técnicos científicos dos pesquisadores foi essencial para o desenvolvimento de um produto com as qualificações sanitárias necessárias para entrar no mercado.
A água do rio foi substituída por água tratada para realizar a lavagem das sementes. A prensa artesanal que era feita de madeira da árvore de pracuúba foi aposentada por ser vulnerável a fungos e bactérias. Em seu lugar, o óleo vegetal é feito com uma prensa de inox desmontável desenvolvida pelo engenheiro florestal João Felipe Vilhena Correa especialmente para a atividade.
As recomendações de boas práticas para a produção do óleo de pracaxi foram disponibilizadas no site da Embrapa, para outras comunidades que já extraem ou pretendem extrair o óleo. O documento também descreve os custos de produção, para ajudar as comunidades na definição do preço de comercialização.
Por Portal da Navegação, via Globo Rural.
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