A navegação fluvial está comemorando um feito inédito em curso na história do setor na Amazônia, com a soja.
Trata-se do transporte pelo rio Madeira, do estado do Amazonas ao de Rondônia, de mais de 60 mil toneladas de soja em um único comboio de 30 balsas juntas, atreladas.
É a primeira vez que o setor experimenta operação de tamanha magnitude.
Conforme profissionais da navegação pelos rios da Amazônia, que têm características bem particulares, como densidade, vento e correnteza, por exemplo, o feito leva em consideração a evolução tecnológica das embarcações e o conhecimento, sobretudo, da hidrovia barrenta do Madeira.
Some-se a isso que o rio Madeira tenta se recuperar de uma seca severa em 2023, que por vários meses prejudicou e até mesmo impediu a navegação de grandes cargueiros.
Insumos não podiam chegar aos polos industrial e comercial. Dessa forma, produtos ficaram represados nas fábricas, forçadas até a dispensar e dar férias coletivas aos trabalhadores, uma parte delas.
Como consequência, a ZFM (Zona Franca de Manaus) e a economia do Amazonas, por extensão, sofreram pesadas baixas e retração na arrecadação.
UM ÓTIMO SINAL
Mas, além disso, há um fato especial que está sendo comemorado.
É que essa viagem, em tão significativa composição de balsas, mostra que o rio Madeira, fundamental para a vida dos amazonenses e da economia do estado, está voltando à sua importante função.
Afinal, sem a BR-319, ele é o canal que tira o Amazonas do isolamento do resto do Brasil por meio de Porto Velho, a capital de Rondônia.
A seca recorde e atípica, ademais, forçou a Marinha a restringir a navegação no rio em agosto.
A carga, da multinacional Amaggi, saiu de Porto Velho com grãos da região Centro-Oeste. O destino é o município de Itacoatiara, próximo da desembocadura do Madeira no rio Amazonas.
Conforme a empresa, ao chegar à cidade do Amazonas, a soja será transbordada das barcaças para um navio. E daí, os grãos são transportados para fora do país.
SOJA SEM ESTOCAGEM
O detalhe da nova forma de transportar a soja é que, no comboio, ela passa direto para os novios. Assim, não precisa de armazém para formar volume para esperar ser recarregada.
Dessa forma, uma fase da logística, a armazenagem em Itacoatiara, estará fora dos custos da Amaggi.
IMPORTÂNCIA DAS HIDROVIAS
Essa forma inédita de transporte em expressivo comboio reforça também a importância das hidrovias da região amazônica.
E o agronegócio é possivelmente o setor que mais usa e se beneficia das hidrovias. Ao mesmo tempo em que mata o modal terrestre, tirando das estradas carretas e caminhões que transportam apenas 30 toneladas em uma viagem de vários dias por quase 900 quilômetros entre Manaus e Porto Velho, por exemplo. Além disso, esse transporte pesado contribui sobremaneira para destruição das rodovias.
Portanto, a viagem pelo Madeira, de Porto Velho a Itacoatiara, ainda que mais longa (1.060 quilômetros) do que pela enlameada BR-319, é muito mais econômica para as empresas.
Afinal, só este comboio de barcaças vai evitar o tráfego de 2 mil carretas pelas estradas.
Contudo, apesar dessas visíveis vantagens de uso das hidrovias, até aqui não mereceram a atenção dos governos. Nem mesmo igual a que é dispensada a boa parte das rodovias no país.
Exceto as BR-319 e 174, esta entre o Amazonas e Roraima, vítimas de histórico esquecimento.
Por Portal da Navegação, via BNC – Brasil Norte Comunicação.
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