Fluviários discutem paralisação que pode travar transporte de combustível no Amazonas

Sindflu-AM enviará ofício com demandas da categoria e aguarda reunião com empresas de navegação na próxima semana.

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Funcionários das empresas de navegação do Amazonas se reuniram na manhã deste sábado (8) para colocar em discussão uma paralisação dos trabalhos em meio a uma campanha com reivindicações por melhores condições de trabalho. A possibilidade de interromper os trabalhos será enviada ao Sindicato das Empresas de Navegação do Amazonas (Sindarma), incluindo as demandas, para negociação. Há expectativa de um diálogo já na próxima semana. “Nós estamos abertos a negociar e entendemos que esse é o melhor caminho. A paralisação está, sim, em discussão, mas é um caminho que não queremos. Vamos enviar um ofício ao Sindarma e esperamos conversar sobre isso o quanto antes”, informou o presidente do Sindicato dos Fluviários do Amazonas (Sindflu-AM), Joe Bastos.

A assembleia deste sábado reuniu mais de 100 trabalhadores do setor, mas a entidade afirma que possui mais de 300 filiados. A estimativa é que existam cerca de 8 mil trabalhadores desta área em todo o estado do Amazonas.

O encontro foi marcado por esclarecimentos a respeito de quais pautas o sindicato irá apresentar às empresas e quais seriam os impactos de uma possível paralisação. O assessor jurídico da entidade, Renan Freire, disse à reportagem que o sindicato está seguindo um procedimento previsto na legislação brasileira.“Nosso intuito, hoje, é ouvir os trabalhadores, apresentar as pautas e receber sugestões para, então, levarmos ao Sindarma. Para que uma paralisação ocorra, teríamos de esgotar todos os meios possíveis de negociação. O que queremos é isso, negociar. O Sindarma já fez um primeiro contato conosco e se mostrou aberto a isso”, afirmou.

O Sindflu-AM representa trabalhadores do convés de embarcações que circulam  pelos rios amazônicos, incluindo marinheiro de convés fluvial, contramestre fluvial, mestre fluvial, piloto fluvial e capitão.  A área de abrangência alcança funcionários que atuam em Manaus, Itacoatiara, Belém e Porto Velho.

Dentre as demandas da categoria estão o pedido para que as horas extras, que são calculadas em uma média fixa de 90 horas, passem a ser de 120 horas. “Esses trabalhadores chegam a ficar dois, três meses navegando. Eles passam e muito as oito horas diárias. Essa média de 90 horas extras não chega nem perto da realidade”, defendeu o assessor jurídico.

Eles também solicitam adicional de viagem internacional, considerando que alguns navios transportam cargas até o Peru, por exemplo; plano de saúde; e mudança do regime de embarque, que hoje é de cinco dias de trabalho para um de folga. 

A solicitação que será enviada às empresas de navegação também inclui o estabelecimento de uma tabela única de preços para serviços de transporte de cargas e um aumento na remuneração para os trabalhadores da praticagem. ‘Práticos’, como são chamados, são os profissionais que conhecem os rios e orientam o piloto de uma embarcação. “Hoje o prático ganha cerca de R$ 500 como adicional do seu salário. Estamos pedindo que seja ao menos 50% da remuneração bruta”, afirmou o advogado do sindicato.

Cargas

Presidente do sindicato, Joe Bastos explica que os trabalhadores representados pelo Sindflu-AM atuam, principalmente, no transporte de produtos pelos rios amazônicos. “Há entrega de cargas, como soja, que vem do Mato Grosso, são levadas até Porto Velho e de lá seguem em direção ao rio Amazonas para serem enviadas para fora do Brasil”.

O envio de insumos para o interior do Amazonas também é feito pela categoria. “O combustível, por exemplo, é tanto enviado de Manaus para Porto Velho, por exemplo, como para o interior. Tem também importação de gasolina, de petróleo para refino do Peru aqui para a Refinaria de Manaus”, disse Bastos.

Uma possível paralisação do setor, se confirmada, poderia coincidir com o período em que o Amazonas estará em uma estiagem com promessa de ser tão severa quanto a do ano passado. Parte da preocupação do presidente do Sindflu-AM é que as negociações ocorram antes da seca justamente para que esse cenário somado de paralisação e estiagem não ocorra.

“Nos preocupamos com o cenário, sim, mas nós nunca paramos o nosso trabalho, nem na seca do ano passado. Se parássemos agora, seria em razão das nossas demandas. Por isso queremos e estamos abertos a negociações”, ressaltou.

Por Portal da Navegação, via acritica.com