Em 2024, o Porto de Vila do Conde foi destaque entre os portos públicos de todo o Brasil (Foto: Roberto Ribeiro/LED Produções)

Portos do Pará exportam mais de 50% da soja e do milho brasileiros, aponta AMPORT.

A associação ainda afirma que a capacidade dos portos do Arco Norte deve dobrar nos próximos cinco anos.

Gabi Gutierrez – O Liberal.com

Os portos do Pará consolidaram em 2024 uma posição de destaque no setor aquaviário brasileiro, impulsionados por avanços expressivos em movimentação de cargas e investimentos em infraestrutura. Dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) mostram que o Porto de Vila do Conde, em Barcarena, registrou o maior crescimento entre os principais portos públicos do país, com uma alta de 37,37% em relação ao ano anterior. Em outubro, foram movimentadas 1,6 milhão de toneladas de cargas no terminal, que liderou em variação positiva no Brasil.

O desempenho do Porto de Vila do Conde superou portos como o de Santos, em São Paulo, que cresceu 5,7%, e o de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, com alta de 21%. Este resultado coloca o Pará em evidência no cenário nacional, reafirmando sua importância logística e econômica.

Exportações pelo Arco Norte lideram mercado

Os portos paraenses também desempenharam um papel crucial nas exportações de milho e soja pelo Arco Norte, região que respondeu por 39% do total dessas commodities exportadas pelo Brasil entre janeiro e outubro de 2024. Desses, 59,4% passaram pelos portos do Pará e Amazonas, com o milho representando 80% da movimentação.

O diretor-presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (AMPORT), Flávio Acatauassú, destacou a resiliência dos portos do Arco Norte, mesmo diante de uma seca histórica em 2024. “Somos resilientes e estamos preparados para crescer ainda mais. Nossa região é naturalmente vocacionada para a navegação fluvial, com investimentos constantes em infraestrutura e sustentabilidade”, afirmou.

Ainda segundo Acatauassú, a capacidade instalada na região é de 52 milhões de toneladas, com projetos em andamento para dobrar esse volume nos próximos cinco anos, permitindo o embarque de até 100 milhões de toneladas de grãos. “Estamos nos modernizando para atender à crescente demanda e consolidar nossa competitividade”, explicou.

Impacto econômico e projeções para 2025

Para 2025, a AMPORT projeta a manutenção do crescimento dos portos do Arco Norte, com investimentos significativos nas rotas Porto Velho-Itacoatiara e Miritituba-Barcarena, consideradas estratégicas para a movimentação de grãos. Entre as principais iniciativas estão expansões operacionais e melhorias em acessos rodoviários e hidroviários, além do avanço no projeto Ferrogrão, que integra a logística fluvial à malha ferroviária, contribuindo para a descarbonização da cadeia produtiva.

Outro ponto destacado por Acatauassú é o impacto positivo no desenvolvimento regional, com geração de empregos, aumento na arrecadação de impostos e melhoria nos índices de desenvolvimento humano (IDH). Segundo ele, “a expansão dos portos é uma oportunidade para aliar crescimento econômico e sustentabilidade”.

Avanços e desafios no setor privado

O setor privado também teve destaque em 2024, especialmente com a movimentação de bauxita, que cresceu 9,5% no Pará, liderada pelos terminais de Trombetas e Juruti. Murillo Barbosa, presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), ressaltou a relevância do estado na logística de escoamento de commodities. “O Pará é estratégico para as exportações brasileiras, com redução de custos logísticos e menor pressão sobre os portos do Sul e Sudeste”, afirmou.

Para 2025, a ATP projeta um aumento de 1% na movimentação portuária no estado, apesar das quedas observadas em 2024 nas exportações de soja (-10%) e milho (-2%). A associação também enfatiza a importância de novos investimentos em infraestrutura, como ampliações na malha rodoviária e hidroviária, para superar desafios e consolidar a competitividade do Arco Norte frente aos portos do Sul e Sudeste.

Sustentabilidade e futuro

O compromisso com a sustentabilidade foi apontado como um diferencial estratégico para o crescimento dos portos paraenses. Projetos como o Ferrogrão e as melhorias na infraestrutura regional vêm sendo planejados para alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, contribuindo para uma logística mais eficiente e menos impactante.

Por Portal da Navegação, via O Liberal.com