A colossal Bacia Hidrográfica Amazônica está secando, pois a Região Amazônica passa pelo mais grave período de seca extrema e estiagem, os cientistas climáticos indicam que dois principais fatores fenomenológicos são os principais ocasionadores do fenômeno climático os quais inibem a formação de nuvens e de chuvas, senão vejam: O Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o Atlântico Sul, e o fenômeno El Niño que causa atrasos no inicio da estação chuvosa e enfraquece as chuva iniciais do período.
Como esse governo federal não possui nenhum plano estratégico emergencial para catástrofes e fenômenos climáticos no Brasil, equipe governamental reuniu no Palácio do Planalto (Brasília) para tratar sobre esse importante tema para toda Região Amazônica e por que não vem para cá sentir a problemática da seca e estiagem in loco? Ficam em elucubração de ideias mirabolantes simplistas nada diferentes das preocupações dos atores amazonenses e amazônicos, pois em breve a seca e estiagem poderá tornar a capital do Amazonas – Manaus (com 2,3 milhões de habitantes), isolada na visão logística, tornando o abastecimento geral, impossível via transporte fluvial, principalmente de mercadorias e produtos de grandes volumes, ainda sem estocagem. Como os combustíveis e outro grande problema é o de navegabilidade pelos rios amazônicos, como no Rio Madeira, no Rio Purus, no Rio Juruá e no Rio Negro, dentre outros. No alto Rio Solimões a grave seca já atingiu níveis críticos, como na cidade de Tabatinga, prejudicando seu abastecimento e de demais localidades municipais. Além disso, outro problema ambiental está preocupante, pois dia a dia aumentam as queimadas e já o espalhamento da fumaça em toda região e para outros estados.
Principal afluente da margem direita do Rio Amazonas, o Grande Madeira registra nível de água mais baixo desde 1967. Assim, o Rio Madeira registrou nesta terça-feira (3/09) o seu nível mais baixo em 57 anos. Com a água batendo pouco mais de um metro de altura em Porto Velho, o rio, que é um dos principais da Amazônia, repete a estiagem severa de 2023.
O Rio Madeira é uma das principais rotas fluviais comerciais da Amazônia. Um rio que abriga diversas comunidades em suas margens, com modos de vida moldados pela água. O nível d’água esperado para o rio Madeira nessa época do ano era de algo em torno de três metros e oitenta centímetros, ou seja, quase três metros acima do nível atual. Esse rio é um dos principais corpos d’água da Amazônia, nasce na Bolívia, passa pelo Peru, entra no Brasil por Rondônia até desembocar no rio Amazonas, em território amazonense. O Madeira é um dos cinco rios mais caudalosos do mundo e o principal afluente do rio Amazonas pela margem direita. Por isso, ele é essencial para a economia da região, proporcionando pesca, transporte hidroviário e o plantio agrícola nas suas margens. Desde Porto Velho até o estado do Amazonas, o rio apresenta-se com trecho navegável sendo um dos principais eixos de integração comercial na Amazônia. A capital de Rondônia, aliás, funciona como um centro de distribuição, recebendo mercadorias que chegam por embarcações e remetendo-as para outros destinos na Amazônia.
Com mais de 3mil km de extensão, sendo um dos maiores do mundo, esse importante rio amazônico comporta duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil, a Hidrelétrica de Jirau e a Hidrelétrica de Santo Antônio que fazem parte do Sistema Interligado Nacional gerando energia para todo país. Nesta quarta-feira (4/09) o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que a Hidrelétrica de Santo Antônio paralisou parte das unidades geradora em razão da seca extrema do Madeira e estará funcionando com apenas 14% das 50 turbinas da Hidrelétrica com capacidade instalada de 3.568 Megawatts e a Eletrobrás não descarta sua paralisação total.
O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais confirmou que a seca de 2024 será a maior da história do Brasil. Nunca houve uma estiagem em extensão tão grande no território nacional. Mais de um terço do país vive problemas sérios associados à falta de chuvas, e o único estado que não sofre com falta delas no ano é o Rio Grande do Sul que, como se não bastasse, viveu enchentes trágicas em maio.
Para alguns cientistas do clima, além dos fenômenos atmosféricos, a seca acontece em um mundo que passa por mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, em que eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais frequentes. Segundo estudos da rede de cientistas da World Weather Attribution apontou que a seca de 2023 na Amazônia foi 30 vezes mais provável por causa das mudanças climáticas, pois em condições normais, seria um evento previsto para ocorrer a cada 350 anos. E que agora se repete, um ano depois, com previsão de ser pior ainda.
Como se manifesta o indígena Anderson Witoto, presidente da associação que representa os indígenas Witoto, “Com períodos seguidos de seca, rios em seus níveis mais baixos e a ocorrências de incêndios, a região enfrenta riscos à biodiversidade e à sobrevivência das comunidades ribeirinhas e indígenas na região”. “A preocupação é maior, porque no ano passado secou, mas este ano, aqui já está batendo o recorde”. Essa etnia que habita os municípios de Amaturá e Santo Antônio do Içá, na região do Alto Solimões, Amazonas, está instalada em uma das regiões mais atingidas pela seca. E ainda este ano, o rio Solimões deve atingir o nível mais baixo de sua história, segundo projeções do Serviço Geológico do Brasil.
Ainda de acordo com Witoto, “a seca vem isolando até mesmo as comunidades da região que ficam à beira do rio”. “Com a seca, surgem os grandes bancos de areia, ilhas nascem, então as comunidades ficam isoladas”. “Isso as populações que estão no Solimões, imagina as que ficam em igarapés [cursos de água estreitos e de pouca profundidade], como devem estar sobrevivendo”.
Como todos sabem, na Amazônia, o rio é um dos principais meios de transporte e de acesso a alimentos e recursos essenciais para boa parte da população indígena e ribeirinha, mas atualmente, nove em cada dez terras indígenas da região vêm sofrendo com a seca, de acordo com um levantamento do site InfoAmazônia.
Conta Witoto, “Um dos principais problemas é o acesso dessas comunidades até as cidades. E um impacto inevitável é que muitas estão sofrendo pela falta de água e de alimentação”, e reforça: “Todo ano essa situação vem se repetindo, essa mesma demanda e não vemos o governo não fazer nada.”
Os pesquisadores da World Weather Attribution também concluíram que habitantes mais vulneráveis da região, como as populações ribeirinhas, as comunidades indígenas e os pequenos produtores, serão afetados de forma desproporcional pela estiagem. Isso por conta dos níveis elevados de pobreza na região e da alta dependência dos rios, seja para ter acesso à água potável — a seca e a baixa no nível dos rios reduz a qualidade da água — ou mesmo para a compra e venda de alimentos.
“Os agricultores enfrentam o problema da logística, o escoamento dos produtos ficam mais difícil”, reforça Witoto. “Muitas comunidades e agricultores chegam até a perder a produção por não conseguir levar os alimentos até a cidade e fazer a venda.”
Então, o grito de alerta e socorro da Amazônia deve ecoar no mundo, pois todos os habitantes da AMAZÔNIA sofrem as consequências dessas causas, seca, estiagem e queimadas.
(*) Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador Sênior, Consultor Empresarial e Professor Universitário: pimentelnilson52@gmail.com
Nilson Pimentel
Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: nilsonpimentel@uol.com.br
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