Engenheiro civil com larga experiência em logística, transporte intermodal, o presidente da AMPORT (Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica), Flavio Acatauassu, argumenta que o não andamento do projeto tem consequências negativas para a região.
“A ausência de ferrovias pode gerar perda de competitividade econômica, manutenção do baixo Índice de Desenvolvimento Humano da região e o aumento dos impactos socioambientais. A AMPORT entende que a EF-170 é fundamental para mitigar os impactos socioambientais negativos, além de permitir uma maior capacidade de movimentação para o corredor centro-norte do Brasil. As dificuldades para expansão da malha ferroviária no Norte do Brasil são criadas, muitas vezes, pelo desconhecimento da realidade regional, associado aos interesses conflitantes de conglomerados empresariais que exploram outras alternativas não tão vantajosas como será a EF-170 quando totalmente finalizada”, afirmou Acatauassu.
A AMPORT defende ainda que a construção da Ferrogrão trará benefícios sociais e econômicos significativos. A ferrovia permitirá o transporte eficiente de diversos tipos de cargas, como grãos, carga geral, combustível e fertilizantes, conectando a Região do Oeste do Pará ao resto do país. “Isso impulsionará o desenvolvimento sustentável, impulsionando a economia local e regional. Além disso, a operação da ferrovia reduzirá o tráfego de caminhões, melhorando a segurança nas rodovias”, completou.
Considerado uma das maiores promessas para impulsionar o agronegócio brasileiro e estabelecer um novo corredor ferroviário de exportação pelo Arco Norte, o projeto da Ferrogrão (EF-170) divide opiniões em relação aos impactos socioambientais. Se por um lado existe a expectativa de que a ferrovia de aproximadamente 933 km entre os município de Sinop, no norte de Mato Grosso, ao porto de Miritituba, no Pará, possa aliviar o tráfego de caminhões na BR-163 e contribuir para potencial de redução nas emissões de carbono pela queima de combustível fóssil no percurso até os portos localizados nos municípios paraenses de Itaituba, Santarém e Barcarena, por outro, há preocupações legítimas de que esta mesma obra possa afetar comunidades tradicionais e unidades de conservação.
Hidrovias do Brasil apresenta maior resultado em um único trimestre
A Hidrovias do Brasil, empresa de soluções logísticas, divulgou os resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre de 2023 com recordes importantes como os de volume e receita. A companhia alcançou 5,1 milhões de toneladas movimentadas no trimestre, com crescimento em todos os corredores logísticos. O número é 10,3% maior, em comparação com o mesmo período do ano anterior, que também havia sido um recorde. Já a receita operacional líquida foi a maior apresentada em único trimestre, com crescimento de 12,7% em relação ao 2T22, totalizando R$ 567 milhões. No semestre, a receita ultrapassou R$ 1 bilhão, aumento de 20,5% em relação ao semestre anterior. E pela quinta vez consecutiva, houve crescimento no EBITDA ajustado + EBIDTA das JV’s se comparado com os mesmos períodos dos anos imediatamente anteriores, somando R$ 299 milhões no 2T23, número 11,7% maior em relação ao 2T22.
Segundo o CEO da Hidrovias do Brasil, Fabio Schettino, a companhia entrará agora em um novo ciclo de sua história. “A Companhia concluiu o primeiro ciclo de investimentos com o término do pagamento dos novos empurradores troncais e dos híbridos de manobra – que serão utilizados no Corredor Norte – e do investimento no desenvolvimento da expedição pelo modal ferroviário em Santos, para que, a partir de 2024, consigamos demonstrar geração de caixa significativa, que continuará sendo direcionada para desalavancagem, sem renunciar a oportunidades de crescimento no curto prazo”.
Recentemente, a companhia anunciou ao mercado que ampliará sua capacidade no Sistema Norte em 700 mil toneladas, após vencer processo seletivo simplificado para operação com navios fundeados no espelho d’água no sistema de transbordo direto de barcaças para navios em Vila do Conde, em Barcarena.
MARES & RIOS
FORÇAS ARMADAS
Diante da importância da região da Foz do Amazonas no escopo da Estratégia Nacional de Defesa, o Comando Militar do Norte realiza a Experimentação Doutrinária – “A Força Terrestre na Defesa do Litoral”, esta semana. Este é um adestramento conjunto entre Exército, Marinha e Força Aérea, uma vez que se trata de uma área litorânea com aspectos que envolvem capacidades das três Forças. Além da fase de planejamento e nivelamento de conhecimento e estudo doutrinário, houve simulação de combate no sistema de computador que registra as posições de conflitos. A atividade está sendo desenvolvida no Centro de Adestramento Leste, no Rio de Janeiro. A etapa de exercício prático no terreno (simulação viva) será no litoral do Amapá, na região de Calçoene, em setembro, envolvendo centenas de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.
EXÉRCITO
Uma mata fechada, de difícil acesso, localizada no sudoeste do Pará, a 400 km do município de Altamira. Foi nessa densa região da floresta amazônica, pertencente à Terra Indígena Kuruaya, que militares do 51º Batalhão de Infantaria de Selva (51º BIS), que tem como comandante o Coronel Luiz Guilherme Silva, estiveram nos últimos dias. A missão foi o resgate de jovem indígena, de 17 anos, desaparecido desde o último dia 31 de julho. Foram quase três dias na Operação de Busca e Salvamento até encontrar o jovem no último domingo (13), com sinais de desidratação e desnutrição. Os primeiros atendimentos foram feitos por um médico do Exército Brasileiro e o estado de saúde é estável.
FERROGRÃO NO STF
Em recente decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a retomada dos estudos e processos administrativos que podem viabilizar a ferrovia. O projeto estava parado por uma decisão da Suprema Corte, a partir de uma ação direta de inconstitucionalidade protocolada pelo partido Psol, que alegou que a obra causaria impactos ao meio ambiente. Na decisão, o próprio Alexandre de Moraes, relator do caso, destacou um parecer do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), enviado ao STF pela AGU, que pontua que a obra da Ferrogrão faria o Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, perder 0,054% da área original. A decisão do STF de retomar os estudos e processos administrativos é vista com otimismo pela AMPORT.
IMPACTOS
Um levantamento feito pelos sites “InfoAmazonia” e “O Joio e O Trigo” afirma que a construção da Ferrogrão colocará em risco terras indígenas e unidades de conservação na região. Segundo o estudo, a ferrovia impactará mais de 7,3 mil km² de terras indígenas e mais de 48 mil km² de áreas de conservação, levando em consideração uma zona de amortecimento de 10km ao redor desses territórios. A publicação também diz que o projeto tem o potencial de afetar cerca de 2.600 pessoas que vivem nessas terras indígenas, além de uma população estimada em quase 800 mil pessoas nos 25 municípios abrangidos (LOP).
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